domingo, 9 de dezembro de 2012

5 minutos


A sua respiração é forte.
Vejo seu peito estufar lentamente enquanto você dorme ao meu lado como uma criança, completamente entregue ao próprio sono. Fico pensando quanto tempo ainda vai permanecer assim.
Sinto medo do que vou encontrar pelo meu caminho depois que passar essa sensação. Talvez demore ainda alguns minutos.
Pensava que seria capaz de adiar.
Pensava que seria capaz de tudo, mas eu tenho vontade de me render a qualquer coisa agora. Observo sua expressão, impenetrável, e fico tentando imaginar que parte do mundo você está descobrindo nesse instante. É como se o mundo inteiro pudesse caber aí dentro. Ou aqui fora.  
Os cinco minutos passam depressa demais.
Queria congelar esse momento.
Esse momento de neblina escura, onde eu quase não vejo nada e quase não sinto a necessidade de ver. É o momento em que eu acho que ainda não estou entregue à você.
Mas tudo bem.
Ainda tenho cinco minutos.
Talvez eu consiga mudar alguma coisa.
Talvez o tempo se arraste e demore a passar.
Talvez.
Eu ainda tenho tempo.