terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Correnteza


Meus olhos não conseguem se soltar.
Aprisionaram-se a você e a todo esse castelo que construí para nós. A tudo que não ocorreu e que existiu apenas nas noites estreladas em que dançávamos no céu.
Nós dois.
Sobre o negro céu que se bordava sob a forma de estrelas coloridas.
As imagens se formam e se reformam como nuvens na minha mente. Apostando corrida pelo infinito solar que ainda cabe dentro de mim. Parece que nunca saíram daqui. Talvez não tenham, realmente.
Talvez a minha sina seja escrever sobre você. Dedicar-lhe a certeza de caber inteiramente naquilo que eu julgo ser o meu mais precioso dom.
Meus dedos se melam com o lápis e o papel e as folhas e o excesso de linhas que se formam ao meu redor.
E escorregam.
Mas eu insisto. Eu preciso insistir.
Você me sufoca.
Me sufoca com doses relativamente leves da sua existência.
Afogo-me no meio de tudo isso. E acho que gosto.
Gosto muito.
Quanto mais água eu engulo, mais pesado fica o meu corpo. Que afunda.
Afunda no abismo da imensidão.
Infinitamente.

2 comentários:

  1. Que delícia esse teu texto! Consegui me sentir nele demais! Adorei esse blog, vou te ler sempre :) Obrigado, e boa semana!

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